quinta-feira, 17 de setembro de 2015

Um texto da autoria de uma colega nossa agora no regresso às aulas

                    O PROFESSOR JOÃO E A ESCOLA

O Professor João saiu da escola.
A custo passou pelo meio dos alunos. Ao contrário dos outros dias nem se deu ao trabalho de os cumprimentar, como fazia sempre, na sua perseverança pela defesa das regras sociais básicas. Acreditava que o cumprimento genuíno unia as pessoas.
Mas... hoje ia zangado! Demasiado zangado com a Escola. Farto da escola...
Ele que nunca fora nostálgico ia a lembrar-se do tempo em que a escola era para si um contínuo prazer. Como naquela época já longínqua, em que cheio de problemas pessoais de vária ordem a escola era um escape: as aulas, o contacto com os alunos, as discussões com os colegas... um outro mundo que o realizava!


Irritado com a saudade, endireitou mais as costas, decidido a fazer algo. Não era de desistir, mas far-lhe-ia bem mudar...
...Passou um carro devagar. Belo carro. Parou poucos metros à frente. Saiu dele um homem jovem, agradável, bem vestido; impressionava bem à primeira vista e a uma observação mais cuidada ainda mais. Parecia respirar sucesso, o que não era nesse momento, claramente o seu caso.
Seguiu o seu caminho, mas foi obrigado a parar.
-Boa tarde, professor João? Lembra-se de mim?
...Esforçou-se... claro! como não!? Um dos primeiros alunos que lhe dera realmente dores de cabeça. Problemático, perturbador, líder até mais não! Relacionamento difícil, ao princípio. Acabou por sair no décimo ano, a meio do ano.
- Claro que sim, Jorge! Como me esqueceria!?
- Pois, professor, lembro-me de si às vezes....
O resto, conversa de circunstância. O que fazia, como estava...e agora a escola...e sim, dava-lhe os parabéns pela capacidade empreendedora... felicidades...
O Jorge foi embora!...e, o professor João também... e, no caminho, sorriu...
Amanhã, iria gritar novamente para se fazer ouvir, passar pelos corredores e cumprimentar alunos mal-educados, incomodar-se a dizer-lhes que a escola não era para selvagens...mas depois, lembrar-se-ia do Jorge...e da Verónica...e da Maria..., e saberia... como disse o poeta numa frase batida: “ Tudo vale a pena.... “.
                                                                                                           
                                                                                                10 Novembro 2011                                                                                 

                                                                                                                       Isabel  Barbosa

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