"Os homens transitam do Norte para o Sul, de Leste para Oeste, de país para país, em busca de pão e de um futuro melhor.
Nascem por uma fatalidade biológica e quando, aberta a consciência, olham para a vida, verificam que só a alguns parece ser permitido o direito de viver. Uns resignam-se logo à situação de elementos supérfluos, de indivíduos que excederam o número, de seres que o são apenas no sofrimento, no vegetar fisiológico de uma existência condicionada por milhentas restrições. Curvam-se aos conceitos estabelecidos de há muito, aceitam por bom o que já estava enraizado quando eles chegaram e deixaram-se ir assim humildes, apagados, submissos, do berço ao túmulo - a ver, pacientemente, a vida que levam outros homens mais felizes".
in: Emigrantes, de Ferreira de Castro, Pórtico
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